30 vozes que lutaram
para mudar a indústria da comunicação em 2023
com projetos e iniciativas reais.

Clique e saiba mais sobre cada uma das vozes

MICHEL COUTO

Michel é autodidata e acredita na publicidade como ferramenta de transformação social. Fundador da agência Formô, que fica localizada na comunidade do Morro da Cruz, na zona leste de Porto Alegre, ao longo do ano, ele decidiu instalar paineis por todo o morro para conectar marcas com a comunidade e gerar renda para as famílias. Com o nome de Painel Pop, o objetivo tem sido transformar becos, muros e vielas em espaços de mídia para que isso gere uma comunicação mais inclusiva e moradores consigam uma renda extra com a veiculação de campanhas, seja de uma marca local ou nacional. Até o momento, a iniciativa arrecadou mais de 100 mil reais transformando a rotina de mais de 60 famílias.

RAPHAELLA MARTINS

A partir do incômodo de sempre encontrar amigas do mercado apenas para falar sobre uma pauta ou reivindicar melhores condições na indústria, Raphaella criou o Toda Última Quinta, uma série de encontros que acontecem toda última quinta de cada mês, e que são organizados por ela pelo Instagram. Através de jantares que chegam a reunir cerca de 30 mulheres negras que ocupam posições de alta liderança, a iniciativa busca construir espaços de troca, afeto e conexão, em um contexto de mercado onde mulheres negras ainda possuem apenas 4,6% de representatividade no topo das grandes agências e anunciantes. Além de mãe, Raphaella é Program Manager na Meta para os mercados internacionais.

ERICK MENDONÇA

Depois de deixar sua cidade natal, Aracaju, trabalhar por anos em agências de São Paulo e se tornar um dos redatores mais premiados do mundo, em janeiro, Erick lançou uma plataforma de freelas e criatives independentes, a Corisco. Através da criação de times fixos ou temporários para solucionar desafios de marcas e agências, a plataforma indica profissionais da área para cumprir a demanda de cada projeto. Tudo isso para ajudar a regulamentar o mercado de freelancer, ajudar profissionais independentes a terem demandas, e os contratantes a não desperdiçarem tempo na busca por talentos. Desde seu surgimento, mais de 500 contratos para freelas e vagas fixas foram realizados. 

PEDRO HENRIQUE FRANÇA

Pedro é um homem gay com nanismo formado em jornalismo, mas que sempre esteve envolvido com a arte, atuando como diretor e roteirista através de sua produtora, a Representa. Depois de dirigir clipes para artistas como Letrux e Liniker e o super premiado documentário Corpolítica, Pedro lançou em agosto ao lado de Benedita Casé o primeiro videocast de pessoas com deficiência do Brasil, o PcDPod. Composto por oito episódios e entrevistas com cerca de 20 convidados, o projeto abre espaço para um debate público sobre capacitismo ao receber pessoas com deficiência para falar sobre suas vivências.

LILIANE ROCHA

Liliane atua como Conselheira Deliberativa do Instituto Tomie Ohtake e é fundadora e CEO da Gestão Kairós, consultoria de sustentabilidade e diversidade que, em maio, lançou o "Publicidade Inclusiva: Censo de Diversidade das Agências Brasileiras 2023". Criada em parceria com o Observatório da Diversidade na Propaganda, a pesquisa ouviu 24 agências, que informaram seus dados de diversidade, em um universo de mais de 6.200 funcionários. O resultado gerou discussões com as lideranças das agências, foram elaboradas metas até 2029 e assinado um compromisso público em abril de 2023 em evento realizado no MPF, além de escancarar e confirmar a falta de inclusão que ainda existe no mercado publicitário brasileiro.

JAMILY SILVA

Jamily trabalha entre Lauro de Freitas e Salvador à frente da sua agência, a SOMOS PRETA. A partir da maneira de como grandes marcas do eixo Rio-São Paulo limitam criadores de conteúdos apenas para falar sobre humor, moda e culinária, este ano, Jamily conduziu 3 projetos, sendo eles o Papo de Creator, Jornada Makers PRETA, e um mapeamento de creators do Norte e Nordeste para apontar novos talentos e potenciais que existem nessas regiões. Através de uma pesquisa aberta, até o momento mais de 500 nomes foram levantados. Com um time 100% formado por pessoas negras, hoje a SOMOS PRETA tem trabalhado para marcas como Itaú, Devassa, Coca-Cola, Neon e Amazon.

CRISTIAN WARI'U

Cristian é indígena do povo Xavante com ascendência Guarani Nhandewa, e começou a carreira como criador de conteúdo em 2017. No entanto, este ano, ele lançou oficialmente a WARIU Etnomídia Indígena ao lado de Josy Cassimiro, transformando seu perfil pessoal em uma plataforma para unir vozes indígenas, discutir temáticas urgentes e formar novos comunicadores. Por meio de séries e conteúdos que desmistificam narrativas dos povos da floresta e compartilham notícias sobre preservação, ao longo do ano, ele reuniu comunicadores indígenas e de comunidades ribeirinhas e tradicionais para fazer colaborações em video no Instagram e TikTok. Cristian nasceu no território Parabubure, no Mato Grosso e, atualmente, cursa comunicação organizacional em Brasília.

EVANDRO FIÓTI

Falar publicamente sobre infração de propriedade intelectual, apropriação cultural e epistemicídio na publicidade ainda é algo raro de acontecer nos palcos de grandes festivais e eventos. No entanto, em outubro, Evandro Fióti colocou uma luz nessa pauta ao expor a campanha de uma marca que se apropriou do conjunto de elementos originais criativos do Experimento Social "AmarElo", de Emicida, Fióti e Laboratório Fantasma, lançado em 2019 e que, em 2023, protagonizou uma das maiores incursões de um artista de rap brasileiro no exterior, com uma turnê internacional de mais de 30 shows rodando Europa, EUA e América Latina. Há 14 anos à frente da marca Lab Fantasma, atualmente Evandro atua não apenas como CEO, mas também cantor, compositor e empresário, promovendo mudanças na sociedade e na música.

GABI JACOB

Atuando como diretora de filmes desde 2011 e com mais de 50 projetos musicais gravados para artistas como Emicida e Pabllo Vittar, Gabi Jacob criou a Casa de Clipes para ajudar jovens de diferentes realidades a ter acesso ao mercado do audiovisual e da música. Através de oficinas com 3 dias de aulas teóricas sobre noções de direção, produção e direção de fotografia, a iniciativa também oferece uma vivência real dentro do set ao lado de um artista expoente. Como resultado, uma das duas turmas deste ano teve a oportunidade de trabalhar e participar da gravação do clipe Meu Fechamento, da rapper Stefanie. 

ALAN PEREIRA, DAVÍ VOSK, LUIS PORTO, JÚLIO EMÍLIO, SOFÍA DE CARVALHO E RODRIGO ALMEIDA

Alan, Daví, Luis, Júlio, Sofía, e Rodrigo são do Nordeste e criaram em 2018 a página de memes Saquinho de Lixo que, hoje, acumula 2 milhões de seguidores apenas no Instagram. Este ano, no entanto, todo mundo decidiu dar um novo passo: criar o hub criativo Saquinho Mídias Criativas. Seja elaborando roteiros, mapeando criadores de conteúdo ou criando estratégias criativas, projetos audiovisuais e memes para marcas, até então a Saquinho tem feito projetos para Ambev, TikTok, Schutz e Coca-Cola, sempre com o intuito de criar conexões com as gerações Z e Millennial de forma divertida, leve e autêntica.

VICTOR EDUARDO E MARCELLA PEIXOTO

Em abril, Victor e Marcella lançaram a Negritud&njoada, a primeira rádio audiovisual no Brasil com foco em entretenimento, cultura & música para a população preta. Com conteúdos no Youtube, Instagram e TikTok, desde então, a iniciativa já alcançou mais de 600 mil pessoas com entrevistas, eventos presenciais que foram transmitidos online e performances com artistas expoentes, como Urias e Mc Soffia. Mais recentemente, a Negritud&njoada também fechou uma parceria com a marca Asics criando um filme para divulgar o modelo de tênis Gel-Kayano 14. No total, 12 ações foram feitas ao longo do ano para promover o trabalho de vozes negras de diferentes estilos e ritmos. 

EDIVAN GUAJAJARA

Edivan mora no Maranhão, território indígena arariboia, é designer, fotógrafo, co-fundador do Mídia Indígena e, este ano, lançou oficialmente no Canadá seu primeiro documentário como diretor, We Are Guardians. Feito em co-produção com a Appian Way Productions (produtora de Leonardo DiCaprio) e Fisher Stevens, vencedor do Oscar de melhor documentário, Edivan recebeu o convite para participar do projeto como segunda câmera. No entanto, a partir dos questionamentos que ele trouxe sobre o roteiro que tinha sido elaborado, ele foi convidado para se tornar diretor, afirmando o quão fundamental é ter uma voz indígena por trás de uma produção que fale sobre a luta dos povos da floresta.

RITA ALMEIDA

As pessoas com mais de 50 e 60 anos estão fazendo uma verdadeira revolução que a sociedade não está vendo e nem as marcas estão prestando atenção. Para entender todo este contexto e o motivo de pessoas com +50 e +60 anos ainda não se sentirem representadas na publicidade, Rita Almeida conduziu um projeto de pesquisa e pensamento, lançado pela AlmapBBDO em abril. Com o nome de 'A Revolução da Longevidade', a pesquisa ouviu mais de 1.300 pessoas ao longo de 6 meses. Desde o lançamento, Rita já esteve em palestras, talks, em vários podcasts, um deles com o Drauzio Varela, participou de um alinhamento com o Pacto Global da ONU e, em breve, o objetivo é lançar uma nova fase com metas.

WES XAVIER

Wes mora no Grajaú (zona sul de São Paulo), é especialista em comportamentos de consumo periféricos e comanda a Vivência Lab, uma plataforma de tendências e consumo da Geração Z Periférica com conteúdos publicados no Instagram, TikTok e YouTube. Em outubro, Wes lançou um estudo nacional sobre o consumidor periférico chamado “Brasil Corre” que investiga as tensões e os pilares que formam os desejos desses consumidores no Brasil em colaboração com o Grupo Consumoteca. Mais recentemente, ele lançou o segundo episódio de sua série audiovisual sobre o consumo da Gen Z Periférica, Universo de Relíquias.

MARINA BORTOLUZZI

Marina é de Florianópolis, mora em São Paulo e é fundadora do WOW - Women on Walls, plataforma de valorização, pesquisa, conexão e financiamento para mulheres e pessoas não-binárias nas artes visuais. Com uma equipe 100% formada por mulheres e mais de 3.000 profissionais do Brasil e do mundo cadastradas em menos de 1 ano, hoje a plataforma reúne artistas, curadoras, historiadoras, montadoras de exposição, produtoras, fotógrafas e comunicadoras, além de disponibilizar quase 100 horas de aulas gratuitas, editais para futuros projetos com grandes marcas, além de outras ferramentas e recursos para contribuir na existência de um mercado mais equânime. 

GG ALBUQUERQUE

GG é jornalista, mora em Recife e faz doutorado na UFPE sobre tecnologias sonoras negras. Semanalmente, ele produz conteúdo para o Volume Morto, plataforma de crítica e pesquisa musical que ele criou para buscar abordagens diferentes sobre temas que são populares e não estão na grande mídia. Seja falando sobre brega funk, cinema negro, som afroeletrônico ou bandas de lata do Nordeste, este ano GG também ministrou curso sobre estéticas e culturas periféricas, co-dirigiu um documentário experimental sobre bailes funk das quebradas de São Paulo e escreveu um livro sobre música negra no sul global que será lançado pelo selo e festival Nyege Nyege, de Uganda. 

VICTOR ISRAEL

Victor chegou a trabalhar em agência de publicidade em São Paulo, mas em seguida decidiu voltar para sua cidade natal, Manaus. Movido pela vontade de lutar por mudanças no universo digital, em janeiro, ele criou a Vem do Norte, a primeira agência especializada em criadores de conteúdos nortistas. Atualmente, além de conectar creators da região com marcas nacionais como Google e Coca-Cola, a agência também organiza encontros e mentorias para que todo o time de creators possa discutir problemáticas que afetam a Amazônia, valorizar suas vivências e enxergar seus potenciais enquanto criadores de conteúdo amazônidas, como aconteceu este ano com a participação da agência em eventos da ONU na semana do clima de Nova York.

ARIEL NOBRE

Em janeiro, no mês da visibilidade trans, Ariel escreveu 14 cartas para lembrar e questionar altas lideranças de agências e marcas brasileiras sobre o que tem sido feito para acolher a comunidade trans no mercado. Por meio de um vídeo e mais de 100 páginas escritas à mão, a iniciativa sensibilizou CEOs e diretores, além de fazer com que o assunto se espalhasse em posts pelo Linkedin e Instagram. Como resultado, duas das maiores agências do país entraram em contato para ouvir mais sobre o tema e estabelecer mudanças práticas para criar um resultado real. Além de artista e escritor, Ariel é diretor executivo do Observatório da Diversidade da Propaganda. 

JOÃO CAETANO BRASIL E JOSÉ VICENTE

Em 2021, José Vicente, reitor da Universidade Zumbi dos Palmares, perguntou ao João Caetano, diretor criativo executivo da agência Grey, por que não havia mais pessoas negras trabalhando na área de criação da agência. A partir disso, João começou um processo que levou mais de 1 ano para se transformar no 'Cria da Quebrada', um programa de formação gratuito criado pela Grey em parceria com a Zumbi, P&G e a Miami Ad School que ofereceu 25 vagas destinadas para pessoas negras ao longo 7 meses de conteúdo, entre aulas, mentorias e palestras, com foco em redação e direção de arte. A cerimônia de conclusão da primeira turma aconteceu em Agosto e, até então, alunos já foram contratados pelo mercado. (OBS: Por causa de uma viagem à Angola, José Vicente não pôde estar presente para produzir a foto para a lista)

LUNA LIMA E SIMONE BISPO

Depois de quase 1 ano de conversas com Simon Cook, CEO do Festival de Cannes, em maio, o grupo Publicitários Negros conseguiu fazer algo único: firmar uma parceria para levar 5 talentos negros do Brasil para o festival de 2023. Com o nome de 'PN em Cannes', a ação teve o apoio de marcas e profissionais negros do mercado que doaram recursos para que a viagem acontecesse com todas as despesas pagas. Além de passes para Cannes na França, ao longo do ano o PN lutou por mais acessos em mais eventos de publicidade, como o Pass Her the Mic, Digitalks, PROXXIMA, e Festival do Clube. Atualmente, o PN reúne mais de 8 mil profissionais e conta com 14 voluntários no conselho, sem os quais iniciativas como essa não seriam possíveis.

DANIEL NARDIN

Daniel é jornalista, mora em Belém e lançou a Amazônia Vox em março. Com o objetivo de criar uma rede de comunicadores do Norte do país, capacitar profissionais da região e combater a desinformação sobre a Amazônia, a plataforma oferece cursos e funciona como um banco de fontes e rede de freelancers para que profissionais da comunicação de diferentes partes do país possam encontrar e contratar especialistas e referências da região, como líderes comunitários, agentes públicos, jornalistas, pesquisadores, e povos tradicionais. Para Daniel, qualquer iniciativa, evento ou reportagem que fala da Amazônia precisa ouvir e ter pessoas da Amazônia.

WALTER KUMARUARA

Walter mora em Santarém, no Pará, e é fundador do Coletivo Jovem Tapajônico, um coletivo de formação e informação que organiza seminários e festivais para formar influenciadores locais dentro de comunidades e aldeias. Com a missão de fazer com que jovens entendam sobre sua própria história e aprendam a gerar conteúdo através de reels, TikTok, curtas e rádios comunitárias, este ano um dos focos do coletivo foi gerar discussão com cerca de 400 jovens sobre justiça climática com a campanha CLIMOU. Além de educador, repórter e professor, Walter também já escreveu artigos para a Folha de São Paulo.

Agradecimentos Especiais

O Papel & Caneta atua como um coletivo, ou seja, tudo só acontece por causa da ajuda e união de várias marcas e pessoas. Por isso, enquanto o filme foi dirigido por Daya Lima, todos os retratos foram feitos por Breno da Matta.

Somando no time, a lista deste ano também contou com a colaboração de dois profissionais na curadoria de nomes: Rita Romão e José Kaeté, além de Julio Almeida na criação deste site, Maia Blanchot em modelagem e animação, e Jon Leão como videomaker. Cintia Pessoa foi nossa convidada especial do ano. Em 2022, ela esteve na lista anual.

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